Certas coisas cá entre nozes, estão além das palavras. Bem vindo!

sábado, 18 de dezembro de 2010

Estação






Arrisquei, era uma área pouco confiável porém que me chamava tanta atenção.
Mais que colocar apenas um pé, coloquei amor e acreditei ou ao menos suspeitei com certa veemência.
Sua personalidade simpática já não cobre seus atos, e ficar nessa estação esperando você que chega sempre aos retalhos não é certo. E para o mundo você  também chega aos pedaços?
Entrei nesse lugar desconhecido, por inteira, respeitaria suas incertezas e seu mundo mas se trata de muito mais.
Esse seu muito na verdade é muito pouco. Pouco que não se constrói nada, não permanece.
Pode ser que nos encontremos logo, no entanto hoje é impossível aguardar o seu trem, o frio já congela o que ontem parecia intocável, e em mim o seu desejo já não tem mais face.
O ticket para a entrada em nossas vidas, talvez seja caro para você, para mim não se tratava desse valor mas da intensidade que se tinha em sentir.
Estou um pouco arranhada, é o risco que se faz em viver, olho no relógio nem cedo ou tarde, apenas o tempo que marca para todos, segundo de não apenas pensar em mim mas fazer por mim.
Esfrego as mãos, inspiro, cumprimento a senhora ao meu lado, ela diz:  ''Esperando o trem?''
Balanço a cabeça e sorrio em afirmação.
Ela diz:  ''Não se preocupe, o trem sempre passa, nós só temos que saber o momento certo de embarcar ou desembarcar.''

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Blecaute



Luzes apagadas, nós aqui apenas com o corpo para guardar tanto em nossas mentes.
Que fique escuro, ouço os sons, risadas ao meu lado, altas, frenéticas, não sei do que riem, mas permanecem nesse ritmo paralisado, absorvidos pela suas ilusões.
Do outro lado alguns procuram um pouco de luz e se recuam em um canto, apenas assistindo as pessoas dançarem essa melodia que é a mesma para todos apenas se diferenciando na vibração que cada um recebe.
Eu subo a escada, chegou a parte do show em que eu apareço. E então?
Nós aqui no escuro, tão vulneráveis, tão vivos, o que apresentar?
Eu me apresento.
Um tanto clássico para esse mundo movimentado, apimentadas de um dance focalizando sempre em ''feelings''.
Bem se sabe que depois do blecaute dessa night, vem a fight do dia-a-dia, e tanto no claro ou no escuro, estamos despidos e de postos a construir o que achamos que é certo.
O certo hoje é uma questão de conceito, e conceito cada um tem seu próprio.
Porém mais que fazer o meu certo é ver o reflexo que essa ação tem, e este reflexo não se ofusca, pois é a imagem que se tem em si.
O breu consome, posso enxergar nitidamente meu reflexo, sorrio, correspondo-me em meu mistério, silencio e passo o microfone, afinal é a parte de outra pessoa no show.

Para cobrir ( parte II)





Interessante a forma como o amor é tratado em contos, e o felizes para sempre.
Sempre. Palavra terna e pesada essa.
Mas nada dura para sempre, porém não é isso o que chama a atenção, o que torna real a palavra é a permanência.
O vigor que se tem mesmo diante de tudo o que se passa.
E o amor já está sempre, assumindo sua face de bela e fera. Assustando aos que passam, se refugiando em si mesmo por receio, medo, tão singular de se perceber.
Mas ele se surpreende com a beleza que se tem em sentir, e se aventura.
Aventura com riscos, que machuca. Porém que pulsa, que acredita.
Acreditar é dom aos poucos feito, e de poucos.
Em cada passo fica semeado esse sentimento único, na família, nos amigos, naquele alguém, na sua existência.
Existem milhares de lugares, ares, olhos, e também seus tantos caminhos dentro de si, e me fascino.
São sonhos que temos e quanto a estes o que for verdadeiro é com força, confuso até, mas aos poucos se assume. Da área que você quer dedicar seu esforço no trabalho á todos que você vai levar nessa vida.
Percebeu como as luzes em Dezembro alcançam seu auge, vê como seu sofrimento ainda pode ser transformado, e sabe porque? Meu querido, porque estamos vivos.
(Como disse o Drummond: ''É dentro de você que o ano novo espera e cochila desde sempre.'')

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Para cobrir



Nesses dias, tentei ser firme no meu bom humor, mas permiti esse pranto que tenho por dentro.
A lágrima que exprime tanta dor, hoje salva, porque a tristeza é uma resposta.
Certas coisas não mudam, e outras pessoas não se importam se hoje o dia está tão claro, com cores que tocam a alma antes atormentada e a cobre com a esperança.
Pensei que era errado acreditar na vida, ver além da literalidade de cada palavra, um sinal de fraqueza talvez.
Quem sabe não seja nem fraqueza nem força, porém sim a opção sua de viver.
Essa fé que ultrapassa a epiderme, contraria a ciência pois mesmo com tantos indícios que levem a desistir desta, ainda há as exceções que insistem em sonhar.
De exceção em exceção temos construído o que há de mais belo nessa vida, o amor, a paz.
Me descubro, cada retalho, a junção de cada linha que aos poucos forma esse lençol que cada um é. Alguns que aquecem, outros que só cobrem a si.
Cada um é a proteção de si mesmo, só cabe a nós saber se vamos dividí-la ou não.
Nessa tarde, me cubro, e digo que ainda há espaço para compartilhar, pois eu com esse meu jeito stand by me, sinto ávida a vida.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Se (suspiros de um (im)possível diálogo)



A brisa sopra, o tempo está meio nublado, esse banco aqui na beira da praia parece tão confortável.
Sabe mal tive coragem de te olhar nos olhos, gosto tanto de você que fico até sem graça.
Mas agora deixa só eu te dizer, pegue minha mão, é tão tangível nós dessa maneira.
Não gosto de estar com um, outro e coisa e tal. Sempre fui sincera nesses assuntos românticos, honesta do tipo que prefere amar de verdade a ficar agindo por desejo. Mas não costumo mostrar isso aos quatro cantos, por paciência ou calmaria talvez deixo que o amor aos poucos crie sua face. Te assustei um pouco ao falar de amor?
Ah não se assuste, se bem que até eu às vezes me surpreendo.
Espera, e se eu disse tudo isso e foi um engano meu?
Preciso te confessar, tenho medo.
Medo porém também curiosidade, esse eterno mistério de ser humano, do ser humano.
Ânsia do desconhecido, audácia de descobrir cada segredo, mãos postas para mudar, coração desbravador, tão forasteiro porém também nativo de si mesmo.
Fugi um pouco de nós não é? É estranho dizer.
Inspiro, aprendi que é preciso ser forte, e minha teoria é a minha essência, e esta essência não se perde, pode até estar um pouco arranhada, mas ela prossegue, logo eu prossigo e insisto, a vida deve continuar.
Você me intriga e me encanta. O que sei é que desde que você apareceu, a vida tem sido tão doce, com momentos amargos, mas única.
Como disse Cazuza, ''Amor, meu grande amor, que dure apenas o tempo que mereças.''

domingo, 5 de dezembro de 2010

Serenamente um convite


Me deixei ser. Minha mente está sempre alçando demais para caber tudo no papel. Então me arrisco nesse esboço.
Sabe o que eu vim me tornando desses tempos pra cá? Gente.
Vi que há erros que comprometem nosso futuro, o esforço transforma, e deve haver a evolução de cada um como ser.
Existem pessoas sós demais nesse mundo, privadas de alegrias e segurança, e não há causa melhor que essa para se lutar.
Estamos suscetíveis ao desejo, tristeza, alegria e que em um dia você pode mudar de opinião várias vezes mas se olhar atenciosamente verá que na essência da sua pergunta já está a resposta.
Há várias pessoas nesse mundo, inteligentes, inocentes, egoístas, e tantas outras. Mas como o mundo se transforma com apenas uma mão amiga.
Não é necessário agir por impulso, porque na pressa se entra em qualquer porta e há caminhos sem volta, infelizmente.
Gostar de alguém não é apenas querê-la. É crescer em si, por si. É ver pontos diferentes e acertá-los. É se sentir tão envolvido por um sorriso, um olhar que você se perde, se acha, e ama. Porque amor é bastante e forte em si mesmo como disse Drummond.
É aprender, viver á flor da pele, com velocidade, calmaria, alegria, vasta epifania.
No fundo o que você acha da vida é aquilo que você sempre guardou mas talvez desatento não deixou aflorar.
Então nesses últimos dias de 2010, digo que ainda não descobri todos os mistérios do ser humano, mas estendo a mão e já sinto um vento soprando no rosto, vento de paz. Paz que bem sei que será abalada, confundida em um futuro próximo mas que sempre estará comigo. Sonoramente te convido e digo: Let it be.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Embale





 Sossego que se perde,
 Loucura que persegue.
 Sentimento que cresce.
 Quem sabe se houvesse...
 Paz que me veste,
 Falta que me entristece
 Angústia que desperte
 Aquilo que venho tanto buscando.
 Caminhando,
 Errando, me renovando e ainda te esperando.
 Me rascunhe nesse seu passo,
 Que possamos fazer em um compasso, o que já não acha mais espaço.
 Apenas me abrace,
 Se embale
 Se retrate nessa nossa parte, antes que seja tarde.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Caminhos perdidos




Ele corria pela favela, aquelas ruas em que ontem jogava futebol, sonho de brasileiro, crescer e se tornar jogador, melhorar a vida, garantir a família.
Mas não são essas ruas que se vê hoje, são restos de esperanças misturadas ao sangue novo e a ganância de muitos, mãos estendidas implorando ajuda. Será que alguém vê? Mas será que vê, se importa e cuida?
A idade de criança, mas as feridas de um adulto, heranças de uma sociedade injusta.
Quantos mais? Ainda existe espaço para suportar tal dor?
Policiais, tiros, desespero, pessoas marcadas por uma consciência perdida, se tornaram bandidos e acabaram roubando de si mesmos as suas vidas.  
Garantia de vida perigosa essa misturada por inocência e dinheiro, pela pobreza e o medo.
Ele se acostou no canto do poste, havia sido baleado, via pernas correndo, gritos, a vista já embaçada. O som ia diminuindo vagarosamente, silêncio que ele nunca havia ouvido.Talvez sim naquele dia, que passando pela cidade com a mãe ouviu um pianista tocando uma melodia tão pura que dava até dava vontade de sorrir.
Nessa melodia e embalado pela lembrança de sua mãe, ele fechava os olhos e dizia lentamente: hallellujah.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...