Por um acaso se encontraram. Antes de cada um seguir para uma cidade diferente.
Diferença, que era o que tanto os atraíam, ela acreditava nos dois como um acaso e ele no destino. O tipo de crença contrária que já são naturalmente interligadas.
Ela disfarçadamente sorria e o cumprimentava, ele disfarçadamente cumprimentando sorria.
Como em qualquer estado de choque, ele respondeu em um movimento ao medo de seu corpo, em um abraço.
Ela se assustou e fechou os olhos. Tentando deixar fluir as palavras que pensava no entrelaçado dos braços.
Tanta coisa para lhe dizer antes de partir:
''Acelere. Acelerando no guidão da bicicleta ou engatando a marcha do carro.
Corra como se não buscasse nada, que na surpresa você ainda encontra um pouco de tudo.
Deixe criar face aquilo que realmente é verdadeiro em sua vida, que a areia movediça de seus enganos serão submergidos. Serão afundados como essa angústia que não te permite terminar a xícara de café sem se perguntar: Porque?
Porque foi. Se foi. É amargo às vezes se lembrar, mas a vida não te mima, apenas mime quem você gosta e a si. Que o vício de ontem seja seu antídoto de hoje.
O ar passe por seus poros como regeneração e a luz calcifique seus ossos enfraquecidos.
Não coloque seus pontos finais com tanta dor, tudo é findável. No infinito de cada momento deixe nascer seu fervor, seu amor. E então guarde esses seus segundos e lembre de todas as lacunas que ainda terão de ser preenchidas por você. Meu amigo tenha fé.''
As palavras que eram interpretadas através de um código Morse sob os dedos tão tensos que repousavam sob seus ombros.
Era medo, calor, era divino aquele abraço. Era amor. E isso era o bastante para que cada um entrasse em seu carro e soubesse que logo haveriam de se reencontrar.