Certas coisas cá entre nozes, estão além das palavras. Bem vindo!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Por um acaso



Por um acaso se encontraram. Antes de cada um seguir para uma cidade diferente.
Diferença, que era o que tanto os atraíam, ela acreditava nos dois como um acaso e ele no destino. O tipo de crença contrária que já são naturalmente interligadas.
Ela disfarçadamente sorria e o cumprimentava, ele disfarçadamente cumprimentando sorria.
Como em qualquer estado de choque, ele respondeu em um movimento ao medo de seu corpo, em um abraço.
Ela se assustou e fechou os olhos. Tentando deixar fluir as palavras que pensava no entrelaçado dos braços.
Tanta coisa para lhe dizer antes de partir:
''Acelere. Acelerando no guidão da bicicleta ou engatando a marcha do carro.
Corra como se não buscasse nada, que na surpresa você ainda encontra um pouco de tudo.
Deixe criar face aquilo que realmente é verdadeiro em sua vida, que a areia movediça de seus enganos serão submergidos. Serão afundados como essa angústia que não te permite terminar a xícara de café sem se perguntar: Porque?
Porque foi. Se foi.  É amargo às vezes se lembrar, mas a vida não te mima, apenas mime quem você gosta e a si. Que o vício de ontem seja seu antídoto de hoje.
O ar passe por seus poros como regeneração e a luz calcifique seus ossos enfraquecidos.
Não coloque seus pontos finais com tanta dor, tudo é findável. No infinito de cada momento deixe nascer seu fervor, seu amor. E então guarde esses seus segundos e lembre de todas as lacunas que ainda terão de ser preenchidas por você. Meu amigo tenha fé.''
As palavras que eram interpretadas através de um código Morse sob os dedos tão tensos que repousavam sob seus ombros.
Era medo, calor, era divino aquele abraço. Era amor. E isso era o bastante para que cada um entrasse em seu carro e soubesse que logo haveriam de se reencontrar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mutação natural



Uma dose de analgésico. Para amenizar a dor que lateja quando o corpo já fraco não segue a mente e os ossos vão se descalcificando e se rendendo a certo sedentarismo.
Doente, você supõe. Sim, talvez fosse a hora de admitir que por vezes se cansa, fadiga, que nada é tão perfeito como se costuma pintar para as pessoas ao seu redor.
Pensarias que aceitar uma queda é tão ultrajante, devemos permanecer mesmo que mortos por dentro, com aquela imagem de guerreiro coberta por um bronze refinado a sangue.
Essa estátua que nem se sabe quando foi posta, mas apenas imposta bem antes de nascermos, já carregada por nossos ancestrais é por mim hoje largada.
Cristalizo minhas lembranças, por causa de suas fragilidades, mas também pela beleza que possuem.
Serei quem sabe uma guerreira, mas encontrarei meus fantasmas vez ou outra para poder enfrentá-los e não cobri-los.
Voltarei suja de lama da batalha simplesmente porque além de poses, tenho mãos que se atam e desatam em ações.
Chegarei cantando sonetos de minhas histórias, viverei as canções que tanto me estimulam, tocarei pouco a pouco a vida com ar de aprendiz.
Com medalhas ou não, ressalvo aquela força guardada, que bagunçada em meio ás incertezas e superficialidades, se perde e se confunde.
Você se perguntaria: Pra quê bancar algum heroísmo? Pra quê ser tão forte? Tudo isso não é um porre mesmo que você tenta driblar ou apenas empurrar o suficiente para continuar vivo?
E responderia para si mesmo no afago de um abraço, em um beijo com paixão, em um sorriso terno ou em uma lágrima caída em sua mão. ''É muito mais.''
Sentirias que nesse momento sem mutações, ou quadrinhos seria o herói de si mesmo e de quem você se compartilha. Constantemente se esqueceria de seus poderes mas ainda viveria outro tantos momentos como esses que te lembrariam que se pode ser forte não por glória de majestades mas por encontrar a glória de si.
Chorarias, sorririas, e guardarias esse ensinamento tão secretamente como um medo. Não perceberias imediatamente, erraneamente para o mundo mas o certo para si, estarias vivendo. 


domingo, 16 de janeiro de 2011

Emocionalmente científica




Dinamicamente se dava a rotação dos fatos, sem nenhum indício que mostrasse que seria seguro a paralisação.
Progressão era o necessário, como em qualquer curso durável, meu sistema já estava até um pouco enferrujado, meio gasto pelo meu desgaste.
Um instante de sorriso. Um instante de tristeza. Acabei me perdendo em um instante e esqueci que ele era apenas um momento e depois deste ainda vêm outros segundos.
Fugaz, escapava pelos dedos, não podia compreender a vida. Naquele momento ela não precisava ser entendida, mas feita.
Meu disco rígido comprometido, porém a máquina continuava toda sua engrenagem.
Pensamentos quebrados, procurando alguma ferramenta para encaixá-los. Apenas não se perca.
Experimentos, as teses, porque ainda insistir em um erro?
Porém antes da engenharia e tecnologia, houveram os erros, e ocorreram as descobertas, a ação.
Seguindo a física, me impulsiono. Minha mente e corpo deveriam seguir um movimento retilíneo e constante a partir desse momento. Deixo o passado, não definitivamente, mas apenas o levo comigo e não o carrego. Carregar é sintoma de sacrifício, pena. E o ontem seria apenas uma aprendizagem.
Aprimorar-se. O amor, a poesia, a coragem, unem meus parafusos, mas também machucam. Eram feitos de ferro muito bem soldado e construíam a alegria, aquela que tanto buscava, só é provada depois de lapidada.
Como um cientista obcecado procurava a perfeição de minhas peças, a chave que me proporcionaria plenitude. Nesse momento só tinha plenitude na falta, que sonhando demais esqueci que sonhar se divide.
Me divido então como um átomo em todos meus instantes, e me uno neles. Esperando talvez durante meu caminho aqueles momentos inesperados que todos esperam.
Vou formando minha solidez na rapidez dos dias, á espera, mas também em construção. Dia a dia me reinventando.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Síndrome de Bela



Talvez ainda não é de conhecimento geral, mas a Bela e a Fera é uma das histórias mais excêntricas quanto aos contos.
Aos poucos fui me encaixando nos detalhes e pude até alcançar certa observação.
Desde o início Bela é considerada atípica, quanto à maioria ao seu redor. Minha eterna mania de ver além, comparar a vida ao livro, estimando as emoções.
As outras esperavam o príncipe, belo, e que  para elas tudo fizesse, eu criava a convicção de que o real príncipe nunca vem com a placa na testa, e realeza não era questão de dinheiro, mas nobreza nos sentimentos, ser leal ao que se sente.
Aparecem Gastons na vida tão cheios de si, juram que suas concepções machistas são tudo que uma garota sonha, mas se enganam.
Me perguntam porque não aceitar o Gaston, simplesmente porque mulheres e homens merecem mais em uma união do que atração e sim afeição.
E a Bela caminhava pelos campos, se perguntando se algum dia suas idéias seriam melhor interpretadas.
Nessa parte ela conhece a Fera. Engraçado como a Fera é a própria concretização de tudo que espanta e horripiliza.
Porém a Bela se atreve, mesmo com medo, a enfrentá-la.
A Fera muito mais que um ser é estar diante de seus medos, e hoje eu enfrento as tantas feras que existem, a negligência, a precipitação, falsidade, desapego. Me fortaleço, me descubro.
Meio aos balanceios me sustento e penso, melhor que encontrar a utópica realeza é encontrar alguém real, que me queira mais que no escuro, que me acompanhe no verão ou no inverno. E além de sonhos seja minha realidade.
Quem sabe eu espere mesmo a Fera, que de monstro não tinha nada e era apenas alguém que descobriu a si mesmo ao encontrar o amor. Aliás havia muito mais carinho e elegância em suas ações do que muito lobo que fica dando pinta de príncipe por aí.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

De passagem



Luneta para avistar e entender o mundo. Olhando do observatório seria mais fácil compreender a felicidade, menos riscos correria ao estudá-la e observá-la.
Padrões, estatísticas, crente de que sabia o que a compunha saio para vivê-la.
Puro engano.
Observei tantos sorrisos, tentando me encaixar em suas alegrias, sofri, ainda não havia percebido que felicidade difere de cada um.
Vem no despreparo, quando já se deixou fazer o melhor de si, ela chega como força não como sustento.
Visita vez ou outra, e nos traz fé, esperança, e parte novamente.
Volto ao observatório, a análise não é a mesma, contrario minha tese inicial, e afirmo que sem riscos não há resultado.
Alguns oferecem o que podem, e o impossível para consegui-la denovo. Trapaceiam, mas então chega a felicidade calejada, e na maioria das vezes não fica muito tempo.
Saio da minha posição de observadora e apenas caminho, a felicidade vem nos mais singelos e quase imperceptíveis momentos, se achega e marca.
Já é hora de ir, despeço, machuca saber que ainda haverão de ter noites perdidas, dias longos e vazios, e então lembro dos sorrisos compartilhados, do que me acolhe. Sempre há os vestígios, um rosto, um retrato, um abraço.
A felicidade não pertence a ninguém, mas ela chega sem horário e naquelas portas que estão abertas.
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