Certas coisas cá entre nozes, estão além das palavras. Bem vindo!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ao suposto estranho




Eu ouviria do modo oco como estava Johnny Cash pelo resto da tarde, mas não posso. Não posso porque o mundo continua em seu ritmo uniformemente capitalizado, e não devo.
Mas pelo menos nesse instante gostaria de te dizer: Que você é o garoto que olhamos na partida do trem na estação e sentimos vontade de partir pra qualquer lugar, quem sabe Shangrilá, mas com ele, você é aquele corredor de passos compassados, que está prestes a vencer a corrida mas eu não poderei vê- lo ganhar o troféu.
Seus olhos mirando o que pouco sei, era a cor que faltava em meus pincéis subconscientes, prestes a cair em uma paixão surrealista, mas não era surrealismo a definição. Porque você era real, na minha frente: eu, você, e por acaso... nós?
Com minhas histórias desastradas, às avessas, mas intensas e verdadeiras de modo que ou há paixão ou não há, nada morno. Mesmo desconfiando dessas tais mágicas, lantejoulas, e neon que tanto falam, foi de harmonia te ver permanecido ali, olhando, e foi de luz ver que seus olhos encontraram os meus até no escuro.
Foi de paz, meu querido desconhecido.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Dark side




Olhei pra você atentamente, mesmo com certa distância parecia que me dissolvia entre seus olhos, não era a primeira vez que nos víamos. Eu já havia chorado por você outras noites, já havia conversado com você em outras ocasiões, e já havia esperado por você em outras partidas.
Mas hoje depois de certo tempo afastados, eu podia te ver mais madura, sem aceleramentos cardíacos, sem precipitações.
Me pego agora pensando, passando a mão sobre sua cabeça e você de olhos abaixados, e eu olhando cada detalhe do seu rosto, nariz, pescoço, porque me tornei tão íntima de seus traços mesmo longe de  proximidades.
Eu podia esboçar seu sorriso, meio malandro, tipo de predicado que não deveria me atrair, e depois disso tudo mesmo com seu sotaque e fala que me arrepiam por tanto mistério, tudo isso um vício.
Então agora me diz como poderia ter nascido algo bom disso, desse contato além de carnal que firmo ao estar com você, me diz como poderia vir alguma noite de sossego depois de tantas madrugadas em que você nunca pode me responder, me diz como poderia vir puros beijos quando o que te satisfaz em relação a mim é só desejo.
Pensar que em outras noites você dava seus pedaços, sendo que eu estava aqui, pensar que você nunca teve coragem de nada enquanto os outros conseguiam gesticular um diálogo que tantas vezes esperei de você.
Me diz como viria algo pacífico depois de tanta escuridão?
Você me fez tocar um lado obscuro que eu não havia tocado antes, e eu fui a essa escuridão para enxergar a luz de que preciso e que você nunca poderá me dar.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Imagem(nando)


Você sai como todo dia, e eu sigo. Mas por dentro como uma dama solitária te espero e guardo em meu pensamento estações melhores.
Porém quando apareces  sangrando próximo a minha porta, eu corro pra te salvar. Salvar você de si mesmo.
Todo dia você vai buscar sua tal liberdade e termina libertando seus fantasmas em meus braços.
Tornei sua cúmplice em um assalto ao meu presente que insiste em depositar um passado em nós onde só existe débitos.
Você vai estar com sua arma na mão, por defesa mas também me intimando a não tentar me aproximar muito.
Te olharei em frente a mim, enxergarei seus defeitos, qualidades e tornarei humano meu anseio por sua companhia. Franzirei a testa, seria um indício de um pesadelo ou de um amor?
Tanto faz porque eu vou torcer o pano, enxaguá-lo e estancar seus machucados, você vai fechar seus olhos e eu não passarei disso, um sonho bom que te acolhe nas noites aflitas e solitárias.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Casual







Vermelho. Você coloca o batom para colorir os lábios que um pouco cansados de tanto dizer sonhos e decepções precisa de cor.
Se veste com aquela roupa que até mesmo quando você não está radiante, te destaca. Só pra não transparecer o medo de se enganar em alguma esquina. E sai.
Sem toda aquela embromagem de dama da noite, nada de dama para que não incite qualquer tipo de jogo vicioso com fim inesperado.
Você é lady de si mesma e também o inimigo da espreita, seu ego acenando por medo ou por atração.
Mas por trás de toda a vestimenta, maquiagem você talvez só procure alguém tão imperfeito quanto tú que apenas diga: Vamos.
Vamos viver esses minutos com mais coragem, porque o normal é só dizer discursos hipócritas sobre vida e nem sentí-los. Vamos tirar qualquer dia depois da correria cotidiana só pra ficarmos juntos, parados, assistir uns filmes, tocar em um luau particular, deitar e veja que coisa mais clichê assistir o luar, e a nossa magia estelar ocular.
Vamos brindar com o melhor drink o desconhecido e saber que ao seu lado posso perder toda minha sobriedade porque simplesmente confio.
Vamos acelerar para qualquer destino em uma tarde nem um pouco planejada, e viajar o mundo, as pessoas sem sair de onde pertencemos.
Depois, a inconstância do ser humano vai nos alcançar, todas as lembranças vão vir como um sonho, mas surge uma declaração instantânea. Muito mais que ir, agora vamos continuar.
Continuar até semana que vem, até ano que vem ou até quando der.
Naquela noite você com o olhar um pouco perdido, mas fixo, esperava um acaso de destinos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carta de carnaval


Pego esse pedaço de papel para te mandar uma carta, sim é clichê te enviar lembranças, até porque nem sei se será capaz de ler até o final. Mas é um medo reconfortante, ter alguém para quem escrever, quando se danou por esse mundo afora. A expectativa recorrente de receber uma resposta dizendo que esse outro alguém tem pensado sobre suas experiências. Depois de todo o desabafo é a alegria da resposta que conforta.
Pois dito, sei que no Brasil agora é época de carnaval, a cidade que você está por agora não tem muita fama de boas festas, e você como bom aventureiro que conheço provavelmente vai dar um jeito de chamar os amigos, sair por alguma night interessante e quem sabe até consiga carnaviar.
Estou aqui em outro continente, onde hoje a noite é fria, não é um frio que caleja a carne, mas sim aquele clima que é pretexto para acender a lareira e aquecer a alma. E nesse calor de pensamentos te escrevo.
Estamos tão perto quando lê minhas palavras, e ainda continuo sendo um mistério pra você e o que tenho a dizer com tanta poesia. Faz parte de mim, de meu infinito particular como disse Marisa, e até quando não tenho resposta me respeito.
Acontece que não pela distância, mas nos perdemos tanto. E toda essa perca humana ainda guarda algo tão puro. Puramente imperfeitos nós. E amar mesmo com as dificuldades é uma decisão, e bem sei que apesar de toda farra que um feriado ou amigos podem acarretar; Decisões requerem pensamento, tempo, mente e coração. É abdicar ou tentar.
Você permanece na minha lacuna e eu na sua. São espaços contrários e que inexplicavelmente se atraem.
Nem com tempestade e quilômetros te esqueço, nem com um clima europeu esqueço desse seu coração sonhador e serenamente agitado brasileiro.
Aluguei uns filmes de comédia romântica, liguei o som com o volume dos Los Hermanos, dancei e sorri, solamente mas também imensamente.
Afinal de contas carnaval já faz parte de nosso sangue, problema é que as vezes deixam o sangue circular demais e se esquece seu ponto de partida. E o Brasil fica desse jeito perdido entre a poesia de um samba e a vulgaridade manchada.
Mas te mando essa carta sem saber se você está triste ou alegre, para te dizer que carnaval é sem hora ou dia, é estar em boa companhia e fazer folia, é trazer axé quando a vida fica meio down. Boy, carnaval é coisa da gente.

                                           Senti- mentalmente,
                                                                   Jamila.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Like a rolling stone




Como uma pedra. Você assim meio firme, mas também suscetível ao movimento se alguém lhe tocar. E então você se desenrola e rola por esses dias, pela vida.
Euforia, puro êxtase, não adianta esconder seus instintos. Como um desbravador de seus sonhos você busca, se aventura, se engana e arrisca ainda. Alguns por entre essas noites, em um gole, em busca de um som. Embriagados por aquelas emoções tão faladas, mas não sentidas a flor da pele. E como toda grande dose tem sua ressaca, você sofre com dores que não tem anestesia, e com uma dor de cabeça, aquela diretamente dos neurônios que em tamanho rebuliço não se aquietam para que possam interceptar uma mensagem fixa e sólida para ser executada pelo corpo.
Acontece que a pedra rola, cria lodo às vezes, rola novamente e como em qualquer caminho ela pede um pouco mais de sossego em seus pontos. Sua alma acena por lugares que possam te dar mais firmeza, mais terra, ar e chão.
Você provavelmente não encontrará esse ponto facilmente, e como pedra em si, desgastada entre seus machucados, porém também cada vez mais pura, essencial naquilo que você realmente é, vê que não corresponde a um só ponto. São pontos que se interligam e levam a um lugar mais seguro em que você possa se recostar.
Os dias são tão loucos, quanto minha estranha lucidez e minha alma cresce em uma maturidade cintilante como rubi, e ascendente como uma subida longa e findável.
O infinito está aqui não é mesmo? Na nossa fé que caminha e se compartilha, e nesse amor, que de tão insaciável, bebe tantas bebidas e sangria tanto. Mas permanece. Tão sólidos quanto essa pedra que rola, tão sólidos quanto a mim.
Isso é o começo de um fim? Não, é apenas o fim para um novo começo.
E como pedras tão rolantes que somos, me estendo até ti, tentando dividir essa loucura de estar vivo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Quando o circo pegou fogo


Fiquei sabendo que seu circo pegou fogo. Suas encenações não convencem o bastante e você perdeu o público. Muito mais que o público, perdeu a quem te admirava.
Bem se sabe que no início do show toda aquela euforia, fantasia, convida tanto, mas com falta de dedicação todos seus atos se tornam uma palhaçada.
É caro participar dessas suas histórias contracenadas e ainda me sinto por vezes desfalcada, como se houvesse sido uma perca de tempo.
Você com sua pose natural, e eu com a minha de gladiadora, emocional e lutadora. Sua tranqüilidade era tanta que se esqueceu de lembrar que não se controla o tempo. E eu combatendo acirradamente os segundos para guardar o que havia de bom e puro, me fez cansar demais.
Aplaudi por amor, e chorei como Pierrot. Depois da negligência, o circo acabou, e nem sei que rumo tomou.
Apenas sei que é frio o que sobrou do calor de nossa companhia, e é falta o que preenchia meus dias de histórias.
O circo pegou fogo, e mesmo como fã decepcionada fiquei até o final, até ver as cinzas. Só para crer. E o vento sopra, leva cada cinza do que era nosso e se perde por aí.
Até que talvez um dia esse cinza seja a cor que falta em um sorriso no palco, e traga vida ao que hoje está escasso.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quizás



Abra as cortinas, desvendando esse véu de medo em nossos rostos. Acenda uma vela, como um sinal de luz quando tudo já está afastado e perdido demais.
Sento ao seu lado e vejo em seus olhos aquele meu reflexo um pouco ofuscado. Sou eu que vivo em seus sonhos e que mostrando a imagem reconhecida pelo cérebro, me mostra entre seu castanho.
E é você que na mesma dúvida, se enxerga em meu sorriso esboçado e em meus braços apesar de recuados prontos para envolvê-lo.
Vai ver não exista uma tampa para cada balaio, mas sim rolos de lã que se entrelaçam de maneira tão forte que é difícil dizer quem começou o nó e quando este vai terminar.
Talvez hoje com minha ansiedade atenuante eu pense que costuramos tantos retalhos, resistimos a tantas agulhadas sem destreza que me ponho a terminar essa costura.
Existem seus fios, meus fios, e nós unindo-nos. Feitos em meio à confusão e paixão.
E nessa hora os lábios não conseguem emitir as palavras internas, falar o sentir limitaria demais. Deixe ser, deixe vir os pensamentos e sentimentos entre nossa companhia mútua.
Depois de passar vários dias se esforçando e resolvendo todos os problemas que ficam no cotidiano. A mente cansa um pouco e pensa naquele porto, ah e nessa hora que reconhecemos nosso ponto de desembarque e embarque.
Flutuamos, navegamos em incertezas e ilusões e jogamos a âncora em um mesmo ponto.
Em um ponto talvez sem muitas saídas, naquele ponto em que unimos nossas reticências.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E hoje em dia como é que se diz eu te amo?


 Título retirado da música Vamos fazer um filme, Legião Urbana.


Se diz querer, ficar. Às vezes até a petulância de pegar. Mercado. Materializou-se o abstrato e amar é algo repentino, nada de fato. Mas amar é um verbo imenso e que se confunde em sua singularidade. Acontece que esse verbo foi sendo deixado de lado e virou substantivo, ou um advérbio de intensidade.
Trago idéias, digo a saudade, me encanto com seu sorriso, mas me falta aquelas palavras. É o medo atenuante da entrega.
Massificaram os sentimentos demais. Dizer que te guardo virou refrão de comercial barato. E honestamente não gosto de clichês.
Me desfaço dessas tendências, é minha dose de essência.
Fantasiando aos poucos, vou tornando a vida mais real, para preservar o que de tão raro virou banal. Se consideram uma bijuteria tanto faz, para mim amar ainda é um relicário.
Acendem as luzes, ao meu fundo cenário urbano, sem roteiros premeditados. Questiono, duvido e lentamente rascunho um balbucio. Serenamente assustador. Quem sabe poderei simplificar todo o tormento e paz que me anseia e como qualquer equação tem seu resultado, depois de tantos cálculos eu chegue a solução.
Sob toda vulgaridade, por trás de olhares de malandragem, corpos cansados de jogos de atração e olheiras como uma bagagem de insatisfação.
Dilatando pouco a pouco a retina, mostrando um feixe de luz sob um desvio ocular, acelerando os batimentos e se entregando a um sentimento, milagrosamente se reconstituindo a pureza e incerteza de dizer, eu te amo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Por um acaso



Por um acaso se encontraram. Antes de cada um seguir para uma cidade diferente.
Diferença, que era o que tanto os atraíam, ela acreditava nos dois como um acaso e ele no destino. O tipo de crença contrária que já são naturalmente interligadas.
Ela disfarçadamente sorria e o cumprimentava, ele disfarçadamente cumprimentando sorria.
Como em qualquer estado de choque, ele respondeu em um movimento ao medo de seu corpo, em um abraço.
Ela se assustou e fechou os olhos. Tentando deixar fluir as palavras que pensava no entrelaçado dos braços.
Tanta coisa para lhe dizer antes de partir:
''Acelere. Acelerando no guidão da bicicleta ou engatando a marcha do carro.
Corra como se não buscasse nada, que na surpresa você ainda encontra um pouco de tudo.
Deixe criar face aquilo que realmente é verdadeiro em sua vida, que a areia movediça de seus enganos serão submergidos. Serão afundados como essa angústia que não te permite terminar a xícara de café sem se perguntar: Porque?
Porque foi. Se foi.  É amargo às vezes se lembrar, mas a vida não te mima, apenas mime quem você gosta e a si. Que o vício de ontem seja seu antídoto de hoje.
O ar passe por seus poros como regeneração e a luz calcifique seus ossos enfraquecidos.
Não coloque seus pontos finais com tanta dor, tudo é findável. No infinito de cada momento deixe nascer seu fervor, seu amor. E então guarde esses seus segundos e lembre de todas as lacunas que ainda terão de ser preenchidas por você. Meu amigo tenha fé.''
As palavras que eram interpretadas através de um código Morse sob os dedos tão tensos que repousavam sob seus ombros.
Era medo, calor, era divino aquele abraço. Era amor. E isso era o bastante para que cada um entrasse em seu carro e soubesse que logo haveriam de se reencontrar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mutação natural



Uma dose de analgésico. Para amenizar a dor que lateja quando o corpo já fraco não segue a mente e os ossos vão se descalcificando e se rendendo a certo sedentarismo.
Doente, você supõe. Sim, talvez fosse a hora de admitir que por vezes se cansa, fadiga, que nada é tão perfeito como se costuma pintar para as pessoas ao seu redor.
Pensarias que aceitar uma queda é tão ultrajante, devemos permanecer mesmo que mortos por dentro, com aquela imagem de guerreiro coberta por um bronze refinado a sangue.
Essa estátua que nem se sabe quando foi posta, mas apenas imposta bem antes de nascermos, já carregada por nossos ancestrais é por mim hoje largada.
Cristalizo minhas lembranças, por causa de suas fragilidades, mas também pela beleza que possuem.
Serei quem sabe uma guerreira, mas encontrarei meus fantasmas vez ou outra para poder enfrentá-los e não cobri-los.
Voltarei suja de lama da batalha simplesmente porque além de poses, tenho mãos que se atam e desatam em ações.
Chegarei cantando sonetos de minhas histórias, viverei as canções que tanto me estimulam, tocarei pouco a pouco a vida com ar de aprendiz.
Com medalhas ou não, ressalvo aquela força guardada, que bagunçada em meio ás incertezas e superficialidades, se perde e se confunde.
Você se perguntaria: Pra quê bancar algum heroísmo? Pra quê ser tão forte? Tudo isso não é um porre mesmo que você tenta driblar ou apenas empurrar o suficiente para continuar vivo?
E responderia para si mesmo no afago de um abraço, em um beijo com paixão, em um sorriso terno ou em uma lágrima caída em sua mão. ''É muito mais.''
Sentirias que nesse momento sem mutações, ou quadrinhos seria o herói de si mesmo e de quem você se compartilha. Constantemente se esqueceria de seus poderes mas ainda viveria outro tantos momentos como esses que te lembrariam que se pode ser forte não por glória de majestades mas por encontrar a glória de si.
Chorarias, sorririas, e guardarias esse ensinamento tão secretamente como um medo. Não perceberias imediatamente, erraneamente para o mundo mas o certo para si, estarias vivendo. 


domingo, 16 de janeiro de 2011

Emocionalmente científica




Dinamicamente se dava a rotação dos fatos, sem nenhum indício que mostrasse que seria seguro a paralisação.
Progressão era o necessário, como em qualquer curso durável, meu sistema já estava até um pouco enferrujado, meio gasto pelo meu desgaste.
Um instante de sorriso. Um instante de tristeza. Acabei me perdendo em um instante e esqueci que ele era apenas um momento e depois deste ainda vêm outros segundos.
Fugaz, escapava pelos dedos, não podia compreender a vida. Naquele momento ela não precisava ser entendida, mas feita.
Meu disco rígido comprometido, porém a máquina continuava toda sua engrenagem.
Pensamentos quebrados, procurando alguma ferramenta para encaixá-los. Apenas não se perca.
Experimentos, as teses, porque ainda insistir em um erro?
Porém antes da engenharia e tecnologia, houveram os erros, e ocorreram as descobertas, a ação.
Seguindo a física, me impulsiono. Minha mente e corpo deveriam seguir um movimento retilíneo e constante a partir desse momento. Deixo o passado, não definitivamente, mas apenas o levo comigo e não o carrego. Carregar é sintoma de sacrifício, pena. E o ontem seria apenas uma aprendizagem.
Aprimorar-se. O amor, a poesia, a coragem, unem meus parafusos, mas também machucam. Eram feitos de ferro muito bem soldado e construíam a alegria, aquela que tanto buscava, só é provada depois de lapidada.
Como um cientista obcecado procurava a perfeição de minhas peças, a chave que me proporcionaria plenitude. Nesse momento só tinha plenitude na falta, que sonhando demais esqueci que sonhar se divide.
Me divido então como um átomo em todos meus instantes, e me uno neles. Esperando talvez durante meu caminho aqueles momentos inesperados que todos esperam.
Vou formando minha solidez na rapidez dos dias, á espera, mas também em construção. Dia a dia me reinventando.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Síndrome de Bela



Talvez ainda não é de conhecimento geral, mas a Bela e a Fera é uma das histórias mais excêntricas quanto aos contos.
Aos poucos fui me encaixando nos detalhes e pude até alcançar certa observação.
Desde o início Bela é considerada atípica, quanto à maioria ao seu redor. Minha eterna mania de ver além, comparar a vida ao livro, estimando as emoções.
As outras esperavam o príncipe, belo, e que  para elas tudo fizesse, eu criava a convicção de que o real príncipe nunca vem com a placa na testa, e realeza não era questão de dinheiro, mas nobreza nos sentimentos, ser leal ao que se sente.
Aparecem Gastons na vida tão cheios de si, juram que suas concepções machistas são tudo que uma garota sonha, mas se enganam.
Me perguntam porque não aceitar o Gaston, simplesmente porque mulheres e homens merecem mais em uma união do que atração e sim afeição.
E a Bela caminhava pelos campos, se perguntando se algum dia suas idéias seriam melhor interpretadas.
Nessa parte ela conhece a Fera. Engraçado como a Fera é a própria concretização de tudo que espanta e horripiliza.
Porém a Bela se atreve, mesmo com medo, a enfrentá-la.
A Fera muito mais que um ser é estar diante de seus medos, e hoje eu enfrento as tantas feras que existem, a negligência, a precipitação, falsidade, desapego. Me fortaleço, me descubro.
Meio aos balanceios me sustento e penso, melhor que encontrar a utópica realeza é encontrar alguém real, que me queira mais que no escuro, que me acompanhe no verão ou no inverno. E além de sonhos seja minha realidade.
Quem sabe eu espere mesmo a Fera, que de monstro não tinha nada e era apenas alguém que descobriu a si mesmo ao encontrar o amor. Aliás havia muito mais carinho e elegância em suas ações do que muito lobo que fica dando pinta de príncipe por aí.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

De passagem



Luneta para avistar e entender o mundo. Olhando do observatório seria mais fácil compreender a felicidade, menos riscos correria ao estudá-la e observá-la.
Padrões, estatísticas, crente de que sabia o que a compunha saio para vivê-la.
Puro engano.
Observei tantos sorrisos, tentando me encaixar em suas alegrias, sofri, ainda não havia percebido que felicidade difere de cada um.
Vem no despreparo, quando já se deixou fazer o melhor de si, ela chega como força não como sustento.
Visita vez ou outra, e nos traz fé, esperança, e parte novamente.
Volto ao observatório, a análise não é a mesma, contrario minha tese inicial, e afirmo que sem riscos não há resultado.
Alguns oferecem o que podem, e o impossível para consegui-la denovo. Trapaceiam, mas então chega a felicidade calejada, e na maioria das vezes não fica muito tempo.
Saio da minha posição de observadora e apenas caminho, a felicidade vem nos mais singelos e quase imperceptíveis momentos, se achega e marca.
Já é hora de ir, despeço, machuca saber que ainda haverão de ter noites perdidas, dias longos e vazios, e então lembro dos sorrisos compartilhados, do que me acolhe. Sempre há os vestígios, um rosto, um retrato, um abraço.
A felicidade não pertence a ninguém, mas ela chega sem horário e naquelas portas que estão abertas.
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