Certas coisas cá entre nozes, estão além das palavras. Bem vindo!

sábado, 30 de outubro de 2010

Conto de verão



Aeroporto cheio, ela tinha tido uma viagem realmente reveladora, saiu buscando o mundo e chegou ganhando a si.
Fez amigos, transmitiu o que pensava e também aprendeu, aprendeu que às vezes é necessário apenas deixar-se viver, comer aquele prato delicioso, dançar com a vibração de cada música, olhar cada peculiaridade das pessoas ao redor, tirar uma foto daquele lugar que nos encantou e sentir da fria luz da lua ás 1 da manhã, a luz renovadora do sol ás 6 da manhã.
Encontrou uma paz imensa a dar mais atenção e confiança a sua fé, a Deus e ao que realmente somos.
Saiu para festas com os amigos, dançou a noite inteira, viveu puros devaneios, e voltou para o hotel. Ela não passou a noite com ninguém, porque simplesmente todo aquele lance carnal havia passado, aquele relance em que o corpo procura algo que ele nem mesmo sabe o nome e que engana e machuca tanto.
E de manhã  ele apareceu com um chá para enxaqueca que ela tentava combater, provavelmente ele tinha algum interesse e sutilmente tentava investir. Ela com seu equilíbrio meio intocável não havia percebido nada, foi assim que eles começaram a se conhecer, conversar, e depois naquela noite dançando ao som de uma bossa nova se permitiram apaixonar.
Bossa nova em pleno 2010? Ah, às vezes só uma tranqüilidade assim mesmo, ´´com açúcar e com afeto`` meu caro leitor.
E bateu o medo, de se entregar a alguém, de como pode ser daqui pra frente, esquecer os fantasmas do divórcio e do passado, e foi então que ela decidiu arriscar.
Porque a vida só se é vivida quando nos aventuramos, não por superfícies, mas naquilo que realmente nos faz sentir.
Se for pra se entregar que seja por aquela pessoa que nos faz dar um frio na barriga, que nos faz ser meio tolos, mas ao mesmo tempo sábios por ser o amor. Se for pra trabalhar que doam até os ossos, mas por aquilo que gostamos, que seja a alegria da vitória batalhada. Se for pra se aventurar que seja nos mais diversos lugares, no vento soprando no nosso rosto na maior velocidade, nas mais diferentes culturas. Se for pra sorrir que seja até a  alma, com a alma.
E então, aeroporto cheio, ela havia ganhado a si, e agora, ela estava olhando para trás e abrindo um enorme sorriso. Era ele que estava aparecendo, aquele que a fez perder um tanto do seu equilíbrio intocável. E veio um toque de sabedoria lispectoriana: ´´Perder-se também é caminho.``

4 comentários:

  1. Ótimo conto Jamila! Seus textos estão ficando top, continue assim e sucesso!;)

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  2. Narração bonita, Jamila. O 'perder-se também é caminho' encerrou com brilho - parabéns!
    Estou em http://pretextoselr.blogspot.com/ Se puder, passe por lá.
    Abraço.

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  3. Pôxa! Seu cantinho é tudo de bom Jamila, cada post seu que leio é como se estivesse gangorrando num balanço, à sombra de uma frondosa árvore. É como se cada um deles fosse um vento a soprar meu rosto. Gosto da sua simplicidade e da sua sensibilidade.

    Bjim.

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  4. Você poderia fazer um texto do dragon ball.Piccolo Daimon.Parabéns pelos textos

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